A Reuters publicou, em 26 de novembro de 2025, a matéria “European states buy underwater drones for military use, manufacturer says”, revelando que dois países europeus adquiriram drones submarinos autônomos Greyshark, da alemã Euroatlas, em um contrato superior a 100 milhões de euros. O sistema, não armado, é voltado à vigilância de cabos submarinos, detecção de minas e monitoramento de atividades de submarinos, com autonomia atual de até 5,5 dias e uma futura versão projetada para permanecer até 16 semanas submersa.
A decisão europeia evidencia uma mudança estratégica importante: o ambiente submarino voltou ao centro das preocupações geopolíticas. A proteção de infraestruturas críticas, como cabos de dados e instalações offshore, tornou-se prioridade, ao mesmo tempo em que cresce a necessidade de ampliar a vigilância naval com soluções de custo operacional mais baixo e menor risco humano.
Para nações que enfrentam pressões externas — especialmente de potências com forte presença submarina — sistemas autônomos oferecem vigilância persistente e reforçam a dissuasão de forma proporcional.
Lições para o Brasil?
Para o Brasil, a notícia funciona como alerta e oportunidade. A Amazônia Azul, com mais de 5,7 milhões de km² e repleta de ativos estratégicos, depende cada vez mais de tecnologias capazes de monitoramento contínuo. Seguir o caminho europeu — desenvolvendo ou adquirindo AUVs de média ou longa autonomia — poderia fortalecer a capacidade nacional de proteger o pré-sal, cabos submarinos e rotas comerciais. Ao mesmo tempo, abriria espaço para que a BIDS explore um nicho de elevado potencial tecnológico e exportador, alinhado ao que de mais avançado ocorre no setor de defesa naval global.
No entanto, o caminho exige cautela. Desenvolver sistemas desse porte demanda domínio tecnológico em sensores acústicos, IA embarcada e navegação subaquática, além de um arcabouço regulatório claro para o uso de veículos autônomos no mar. Há também o risco de dependência tecnológica caso o país opte apenas por comprar soluções prontas, sem compensações industriais significativas.
Ainda assim, a tendência delineada pela Europa — conforme relatada pela Reuters — aponta uma direção que o Brasil dificilmente poderá ignorar. A defesa do ambiente submarino tornou-se uma fronteira estratégica da soberania nacional, e drones autônomos podem vir a desempenhar papel essencial nesse processo.
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