Nos últimos dias, a imprensa internacional destacou um movimento significativo na corrida pela supremacia tecnológica em computação quântica. Segundo reportagem da Bloomberg e do portal Business Wire (2025), a norte-americana IonQ ultrapassou a marca de 1.000 patentes e pedidos de registro, resultado de uma estratégia agressiva de expansão intelectual via aquisições de empresas como Lightsynq, Capella, Oxford Ionics, ID Quantique e Qubitekk. Ao mesmo tempo, sua concorrente direta, a canadense D-Wave, anunciou ter alcançado 500 patentes globais, consolidando-se entre as cinco maiores detentoras de propriedade intelectual quântica do mundo. Esses números não apenas evidenciam a maturação do setor, mas, sobretudo, revelam a centralidade do domínio jurídico e científico das inovações quânticas como novo campo de poder global.
O domínio do conhecimento em tecnologias quânticas é mais do que um avanço científico: trata-se de um ativo estratégico de primeira ordem. Diferentemente de outras áreas de tecnologia da informação, a computação quântica é capaz de resolver problemas intratáveis para sistemas clássicos, como simulações moleculares em larga escala, otimizações logísticas de alta complexidade e cálculos criptográficos em tempo real. Nesse cenário, as patentes assumem papel vital, pois garantem exclusividade de exploração, atraem investimentos de risco e criam barreiras de entrada a novos competidores. Quem controla as patentes não controla apenas a ciência, mas também a capacidade de estabelecer padrões globais, ditar mercados e influenciar cadeias de suprimento críticas.
Os impactos se estendem a praticamente todos os setores do conhecimento humano. Na saúde, algoritmos quânticos podem acelerar o desenvolvimento de medicamentos e terapias personalizadas, reduzindo custos e prazos de ensaios clínicos. Em comunicações, a criptografia quântica e os protocolos de Distribuição Quântica de Chaves (QKD) prometem comunicações invioláveis, alterando a lógica da segurança cibernética global. No campo da defesa e segurança, sensores quânticos oferecem navegação de precisão sem GPS e detecção avançada de submarinos, criando novas camadas de dissuasão militar. No setor espacial, a combinação de satélites e tecnologias quânticas permitirá redes de comunicação soberanas e monitoramento ambiental sem precedentes. Até na economia e finanças, a otimização de carteiras de investimento, previsão de cenários de risco e modelagem de mercado ganharão escala inédita com a computação quântica.
Essa corrida de patentes, portanto, transcende laboratórios e escritórios de advocacia de propriedade intelectual: é um reflexo direto da disputa por soberania tecnológica, vantagem competitiva e influência geopolítica. IonQ e D-Wave simbolizam um movimento mais amplo em que países, empresas e blocos regionais disputam não apenas quem será capaz de desenvolver as primeiras máquinas quânticas comerciais robustas, mas, principalmente, quem deterá os direitos legais e econômicos de explorar essas tecnologias. Nesse contexto, as patentes são o verdadeiro “território” dessa nova fronteira tecnológica — e quem as acumular estará em posição privilegiada para moldar o futuro da ciência, da segurança e da economia globais.
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