Conforme relatado pela Associated Press (AP News), o Reino Unido anunciou durante a cúpula da OTAN, em junho de 2025, a aquisição de 12 caças F‑35A com capacidade de portar armamentos nucleares. Essa decisão, amplamente repercutida na mídia internacional, simboliza um dos movimentos mais significativos na postura de defesa britânica desde o fim da Guerra Fria. Pela primeira vez em décadas, Londres envia um sinal claro de que armas nucleares táticas voltam a ser uma peça central no tabuleiro estratégico europeu.

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Segundo a AP, o anúncio oficial destaca a justificativa de manter a “dissuasão credível” diante do avanço de ameaças híbridas e da escalada nuclear de potências rivais como Rússia e China. Além disso, reforça o compromisso britânico com o chamado “Nuclear Sharing” da OTAN, consolidando uma postura de interoperabilidade estratégica com os Estados Unidos e outros aliados dotados de capacidades nucleares.
O movimento reabre o debate sobre o papel da dissuasão nuclear em um mundo cada vez mais multipolar e tecnologicamente avançado. De um lado, críticos apontam o risco de uma nova corrida armamentista, potencialmente agravada por tensões regionais e a proliferação de tecnologias de dupla utilização. De outro, analistas de defesa veem a modernização como inevitável: o Reino Unido, assim como a França, mantém arsenais nucleares como garantia última de segurança em face de ataques existenciais. O F-35, com seus sensores furtivos e integração com sistemas C4ISR (Comando, Controle, Comunicações, Computadores, Inteligência, Vigilância e Reconhecimento), amplia essa dissuasão para o século XXI.
A aquisição dos caças F‑35A também evidencia uma tendência geopolítica mais ampla: a consolidação de alianças militares tradicionais em resposta à fragmentação da ordem internacional. Para o complexo industrial de defesa, o contrato britânico representa bilhões de dólares em receita e abre margem para novos acordos de manutenção, transferência de tecnologia e produção local de componentes estratégicos.
Para o Brasil, o movimento britânico é um alerta e uma oportunidade de aprendizado. Ainda que o país siga uma doutrina de não proliferação, a necessidade de garantir soberania e capacidade de dissuasão convencional torna-se mais urgente à medida que o ambiente internacional se torna mais instável. Investir em sistemas de defesa aérea e antiaérea de alta tecnologia, capacidade de interoperabilidade com parceiros estratégicos e, principalmente, em domínio tecnológico autóctone são passos fundamentais para assegurar a autonomia de decisão nacional.
Além disso, a Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) pode se beneficiar do fortalecimento de parcerias com países que detêm tecnologias sensíveis, de modo a viabilizar, ampliar e acelerar a transferência de conhecimento. A experiência britânica demonstra que, mesmo em nações historicamente consolidadas em defesa, a modernização exige decisões políticas arrojadas, alinhamento com blocos estratégicos e grande capacidade de mobilizar recursos públicos e privados.
Referências:
- Associated Press. “UK says it will buy F-35 jets capable of carrying nuclear bombs.” 21 de junho de 2025. https://apnews.com/article/uk-nuclear-weapons-f35-jets-nato-c8b609a34c84ba7b5d786307f141bb01
- NATO. “Vilnius Summit Communiqué” e “Haia Ministerial Meeting Statement”, junho de 2025.
- Royal Air Force. “Strategic Capability Modernization Plan – 2025 Update.”
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