O setor de defesa global vive uma transformação silenciosa, mas avassaladora: a convergência entre inovação tecnológica e a crescente tensão geopolítica está redirecionando fluxos de capital para empresas que lideram a corrida da inteligência artificial. Segundo o BlackRock Investment Institute, as ações de defesa estão se tornando uma “mega força” nos mercados, com destaque para empresas como Lockheed Martin, Northrop Grumman e General Dynamics. ETFs setoriais como o iShares US Aerospace & Defense (ITA) já superam o S&P 500 em performance, impulsionados por demandas crescentes da OTAN e países aliados.
Em relatório recente, o BlackRock Institute identificou quatro grandes impulsionadores para o ciclo atual de investimentos em Defesa: (1) a dissuasão ampliada por tecnologias autônomas; (2) o novo padrão de gastos da OTAN, com foco em infraestrutura crítica; (3) a fragmentação geopolítica global, que cria múltiplos polos de insegurança; e (4) o avanço exponencial da IA como vantagem assimétrica em tempo de guerra. Em especial, a IA está sendo integrada a sensores autônomos, sistemas de alerta antecipado, ciberdefesa preditiva e armas de decisão automatizada, remodelando o conceito de superioridade militar.
A expectativa de que países da aliança atlântica destinem até 5% do PIB a gastos com segurança até 2035 — sendo 3,5% para Defesa e 1,5% para infraestrutura crítica — fortalece a tese de longo prazo de investimento em setores aeroespacial, cibernético e de defesa inteligente. A IA, nesse contexto, passa de ferramenta complementar a vetor central: aplicações em vigilância autônoma, sistemas de comando e controle, guerra eletrônica e logística preditiva são cada vez mais estratégicas.
No mercado financeiro, a narrativa do “novo complexo industrial militar digital” está sendo incorporada aos portfólios institucionais. ETFs como o ITA e o XAR (SPDR S&P Aerospace & Defense ETF) acumulam alta significativa no ano, refletindo não apenas o ciclo militar global, mas também a digitalização de ativos da cadeia de defesa. Segundo dados da Barron’s, investidores institucionais como BlackRock, Vanguard e State Street têm aumentado posições em empresas diretamente envolvidas com IA aplicada à Defesa.
E o Brasil?
O Brasil, por meio da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), pode se posicionar nesse cenário tanto como desenvolvedor de tecnologias autóctones quanto como destino de capital internacional. Fundos setoriais, tokeniza meção de ativos e alianças com investidores institucionais estrangeiros tornam-se caminhos viáveis para alavancar esse reposicionamento. A criação de mecanismos financeiros inovadores, como m temáticos e plataformas de financiamento coletivo lastreados por ativos tecnológicos, pode representar a ponte entre a nova economia de defesa global e os interesses estratégicos nacionais.
Referências:
- BlackRock Investment Institute. “Defense Stocks Are a ‘Mega Force.’ NATO, New Tech Make the Case.” Barron’s, junho de 2025. https://www.barrons.com/articles/defense-stocks-nato-ai-tensions
- Global X ETFs. “U.S. Aerospace & Defense ETF (ITA) Performance Report”, 2025.
- Cúpula da OTAN, Haia, junho de 2025. Comunicado Final de Líderes.
- SPDR S&P Aerospace & Defense ETF (XAR) – Relatório Semestral 2025.
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