Insurtechs e o mercado de Defesa e Segurança brasileiro: novos horizontes se descortinam

Em maio desse ano, a empresa InsurBids Tecnologias de Seguros, insurtech especializada no Setor de Defesa e Segurança no Brasil, teve sua solicitação de credenciamento aprovada junto ao Ministério da Defesa brasileiro, tornando-se a primeira Empresa de Defesa (ED) oriunda do setor financeiro.

Insurtechs, o que são?

Insurtechs, uma contração de “insurance” (seguro) e “technology” (tecnologia), representam a vanguarda da inovação no setor de seguros. Elas integram tecnologias avançadas para melhorar a eficiência, a experiência do cliente e a oferta de produtos em um setor tradicionalmente considerado conservador e burocrático.

Dentre as vantagens das Insurtechs em relação às seguradoras tradicionais, destacam-se a agilidade operacional, a personalização de produtos, a redução de custos e a facilidade de acesso e uso por meio de plataformas digitais.

Qual o papel das Insurtechs no contexto de Defesa e Segurança?

No contexto global de negócios de bens e serviços de defesa e segurança, as Insurtechs podem desempenhar um papel crucial. Ao oferecerem soluções inovadoras, tais como a tokenização de ativos e contratos inteligentes, proporcionam um ambiente mais seguro e transparente para transações nacionais e internacionais.

Além disso, a possibilidade de criar produtos de seguro customizados pode ser particularmente benéfica para empresas que operam em nichos específicos de defesa e segurança, atendendo às suas necessidades únicas de maneira mais eficaz do que os produtos padronizados oferecidos por seguradoras tradicionais.

No cenário nacional, as Insurtechs podem contribuir para a modernização da gestão de riscos e a proteção financeira das empresas de defesa e segurança. Por meio de análise de dados avançada, por exemplo, torna-se possível desenvolver produtos de seguro mais alinhados com o perfil e as necessidades de cada empresa, promovendo uma cultura de gestão de riscos mais sofisticada e proativa.

Para além disso, outro ponto a considerarmos é que a internacionalização de empresas do setor de defesa pode ser facilitada com a ajuda de Insurtechs. A cobertura de riscos inerentes a negócios transfronteiriços, como flutuações cambiais, conformidade regulatória em diferentes jurisdições e riscos políticos, pode ser melhor administrada com soluções de seguro inovadoras.

Por fim, e igualmente importante, temos a digitalização dos processos de seguro, o que facilita a gestão de políticas de seguro em diferentes mercados, proporcionando uma operação mais enxuta e integrada.

Mas quais produtos as Insurtechs poderiam oferecer nesse contexto?

Dadas as especificidades do mercado de defesa em geral, como, por exemplo, profunda assimetria de informação e questões de soberania e integridade nacional, as Insurtechs precisam ser absolutamente inovadoras em suas abordagens e produtos oferecidos.

Nesse sentido, e particularmente no contexto brasileiro, devem ter a capacidade de desenvolver produtos inovadores e disruptivos, bem como otimizados para atender às necessidades de empresas de menor porte, o que pode se configurar num diferencial competitivo importante.

Desta feita, alguns produtos financeiros e de seguros podem ser considerados, especialmente focados nas PME, como por exemplo:

  1. Seguro de Proteção de Ativos:
    • Produtos de seguro personalizados para proteger os ativos físicos e intelectuais das PME de defesa.
  2. Seguro de Interrupção de Negócios:
    • Oferecer seguros que cobrem perdas financeiras em caso de interrupções de negócios devido a circunstâncias imprevistas, como desastres naturais ou ciberataques.
  3. Seguro de Crédito à Exportação:
    • Prover seguro para proteger contra riscos de não-pagamento nas transações de exportação, o que pode ser crucial para PME que buscam expandir seus mercados internacionalmente.
  4. Financiamento Baseado em Receita:
    • Oferecer soluções de financiamento inovadoras onde o reembolso é baseado em uma porcentagem das receitas futuras da empresa.
  5. Garantias de Performance:
    • Prover seguros que garantem a performance de produtos ou serviços conforme os contratos, o que pode ser crucial para PME de defesa ao competir por contratos grandes.
  6. Microsseguros para Equipamentos Especiais:
    • Oferecer microsseguros para cobrir equipamentos especiais ou customizados que são essenciais para operações de PME de defesa.
  7. Seguro Cibernético:
    • Dada a natureza sensível da indústria de defesa, um seguro robusto contra ameaças cibernéticas pode ser muito atraente.
  8. Plataformas de Gestão de Riscos Online:
    • Desenvolver plataformas digitais que permitam às PME avaliar e gerenciar riscos, além de adquirir e administrar suas apólices de seguro de maneira eficaz e eficiente.
  9. Seguro de Responsabilidade de Diretores e Executivos (D&O):
    • Oferecer seguros D&O que protejam os executivos de PME de defesa contra ações legais pessoais resultantes de decisões de gestão.
  10. Programas de Seguro Baseados em Blockchain:
    • Utilizar a tecnologia blockchain para oferecer programas de seguro transparentes e automatizados, como contratos inteligentes que facilitam reivindicações rápidas e precisas.
  11. Mercados de Seguro Peer-to-Peer (P2P):
    • Criar plataformas de seguro P2P que permitem que PME de defesa compartilhem riscos com outras empresas semelhantes de maneira transparente e eficaz.

Esses produtos e serviços podem, ao menos em teoria, ser projetados para atender às necessidades específicas das PME na indústria de defesa, proporcionando-lhes o suporte financeiro e a proteção necessária para crescer e prosperar em um ambiente competitivo e regulamentado.

Indo além: Insurtechs e a tokenização de ativos

A tokenização de ativos, algo ainda relativamente novo no mercado brasileiro, pode oferecer várias oportunidades disruptivas para produtos financeiros e de seguros no contexto da base industrial de defesa brasileira, especialmente para PME.

De todo modo, a despeito de ser um mercado em franco amadurecimento, alguns produtos e serviços adicionais podem vir a ser oferecidos pelas Insurtechs, quando levamos em conta a possibilidade de tokenização de ativos das empresas que compõem a base industrial de defesa brasileira, entre os quais:

  1. Seguro de Token de Ativos:
    • Desenvolver produtos de seguro que protegem o valor dos tokens de ativos das empresas contra fraudes, roubo ou volatilidade do mercado.
  2. Empréstimos Colateralizados por Tokens:
    • Oferecer opções de empréstimos onde as empresas podem usar seus tokens de ativos como colateral, proporcionando acesso a capital com termos favoráveis.
  3. Fundo de Investimento Tokenizado:
    • Criar fundos de investimento tokenizados que permitam investir em uma carteira diversificada de empresas da base industrial de defesa, proporcionando uma nova forma de financiamento para PMEs.
  4. Plataforma de Negociação de Tokens de Ativos:
    • Desenvolver uma plataforma segura e regulamentada para a negociação de tokens de ativos das empresas de defesa, facilitando a liquidez e o acesso a capital.
  5. Programas de Fidelidade Tokenizados:
    • Implementar programas de fidelidade tokenizados que incentivem a lealdade dos clientes e parceiros, e podem ser resgatados por serviços ou produtos segurados.
  6. Contratos Inteligentes para Gestão de Riscos:
    • Utilizar contratos inteligentes em blockchain para automatizar a gestão de riscos e a execução de políticas de seguro baseadas em condições pré-definidas.
  7. Tokenização de Receitas Futuras:
    • Permitir que as empresas tokenizem suas receitas futuras para acessar capital antecipadamente, com seguros associados para proteger os investidores contra a subperformance.
  8. Tokenização de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D):
    • Facilitar a tokenização de projetos de P&D, permitindo que as empresas captem fundos para inovação enquanto oferecem proteção de seguro para os investidores.
  9. Seguro de Responsabilidade de Token:
    • Oferecer seguro que cobre a responsabilidade associada à emissão, gestão e negociação de tokens de ativos, protegendo as empresas de defesa contra reclamações legais.
  10. Plataformas de Governança Tokenizada:
    • Criar plataformas de governança tokenizada que permitem uma tomada de decisão mais transparente e participativa entre os stakeholders das PMEs de defesa.
  11. Mercados Secundários de Dívida Tokenizada:
    • Facilitar a criação de mercados secundários para a negociação de dívida tokenizada, proporcionando mais liquidez e opções de financiamento para PMEs.

Essas possibilidades, as quais possuem diferentes graus de dificuldade de implementação, podem vir a ajudar a criar um ecossistema financeiro mais flexível e resiliente para PME da nossa base industrial de defesa, aproveitando a tecnologia de tokenização para inovar na oferta de produtos e serviços.

Conclusão

Diante de todo o exposto, é fácil percebermos que as Insurtechs representam uma evolução significativa no setor de seguros, com o potencial de impulsionar a competitividade e a sustentabilidade de empresas no domínio da defesa e segurança, tanto em âmbito nacional quanto internacional.

De fato, ao alavancar a tecnologia para oferecer produtos e serviços de seguro mais acessíveis, flexíveis e personalizados, elas podem desempenhar um papel central na promoção de um ambiente de negócios mais seguro e propício para o crescimento e a inovação da base industrial de defesa nacional.


Descubra mais sobre InvestDefesa.org

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.