IA como uma ferramenta de apoio à elaboração de estratégias para vencer uma batalha

A Inteligência Artificial (IA) tem o potencial de ser uma ferramenta significativa na formulação de estratégias de batalha, principalmente por sua habilidade de processar e analisar grandes volumes de informações de maneira eficiente, rápida e em tempo real.

Como se sabe, em uma batalha real as fontes de informação para as decisões podem ser ( e, de fato, são) incrivelmente variadas e extensas, referindo-se desde dados de vigilância de campo, imagens de satélite, relatórios de inteligência, até a informações de mídias sociais e registros históricos de doutrina do inimigo.

A fim de minimizar este caos inerente desse cenário, ultimamente temos visto uma tendência (ou realidade) de se ter todos os ativos de defesa, materiais (e.g. aeronaves; drones; artilharias antiaéreas; etc.) ou pessoais (e.g. tropas especiais; infantaria; etc.), operando em rede e coordenados em tempo real. Trata-se, efetivamente, de uma situação onde um algoritmo de IA tem plenas condições não somente de planejar e controlar com maior eficiência e eficácia os elementos dispostos no campo de batalha, mas, principalmente, de reposicioná-los de maneira mais estratégica e em tempo real.

Da Elaboração da Estratégia com IA

De fato, nem é necessário argumentar que uma IA tem a capacidade de analisar, preliminarmente, um número incrivelmente grande de condicionantes simultaneamente. E isso pode incluir variáveis estratégicas relevantes como a doutrina de emprego das forças inimigas, a geografia do campo de batalha, a disponibilidade de recursos amigos e inimigos, situação climática, ânimo da tropa, entre muitos outros.

Para além disso, uma IA também pode levar em conta uma análise psicológica do líder da força inimiga. Com base em informações históricas e atuais, a IA pode ser capaz de prever o comportamento do líder inimigo, considerando fatores como seus traços de personalidade, experiências passadas, decisões anteriores e tendências comportamentais. Esta análise pode ser útil para antecipar as ações do inimigo e ajustar as estratégias conforme a necessidade.

Ademais, uma IA especializada pode perfeitamente coletar e analisar todos os dados dos desdobramentos reais e potenciais , identificando padrões e tendências que podem ser úteis para a elaboração de estratégias de combate potencialmente mais eficazes.

Da Estratégia para o Campo de Batalha com IA

Outro ponto interessante do uso de IA na elaboração de estratégias de combate é que o desdobramento do nível estratégico par ao prático seria quase imediato, uma vez que a IA também pode ter um papel ativo no controle dos agentes no campo de batalha, incluindo tanto pessoas quanto equipamentos.

Nesse sentido, ela pode ser usada para coordenar movimentos, otimizar a alocação de recursos, e garantir a comunicação eficaz entre diferentes unidades. Isso pode permitir um maior grau de precisão e eficiência, reduzindo o risco de erros humanos e maximizando a eficácia das forças.

Além disso, a IA pode, como já dito, processar esses dados em tempo real, permitindo uma resposta rápida a mudanças nas condições do campo de batalha. Isso pode ser especialmente útil em situações de alta pressão e rápida mudança, onde a capacidade de adaptar-se rapidamente pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.

Considere, ainda nesse cenário, que estejamos a utilizar um supercomputador baseado em computação quântica, um algoritmo que tenha controle direto sobre equipamentos navais, aéreos, terrestres e espaciais, fora a tropa especializada em solo, e você terá um time quase imbatível. Quase. E esse “quase” decorre somente do fato de que o inimigo (ou inimigos) também poderá estar utilizando IA em seu favor.

No entanto, é importante notar que a utilização da IA na guerra também apresenta questões éticas e práticas significativas, que devem ser cuidadosamente consideradas. Por exemplo, o controle sobre a decisão de vida ou morte e a possibilidade de falhas na IA que podem levar a danos não intencionais são questões que precisam ser abordadas.

Além disso, dependendo da forma e do grau de liberdade de decisão dado a uma IA na guerra, tal fato pode, potencialmente, levar a uma escalada na intensidade e na letalidade do conflito.

Conclusão

Do que se vê, o uso de IA tem o potencial de ser uma ferramenta poderosa na elaboração de estratégias de batalha. Sua capacidade de processar grandes volumes de informações, considerar um grande número de condicionantes simultaneamente, analisar o líder inimigo, controlar agentes no campo de batalha e reconfigurar rapidamente a tática de campo podem torná-la um ativo valiosíssimo no arsenal de qualquer força militar.

Por outro lado, apesar de a IA ter o potencial de trazer benefícios significativos para a elaboração de uma estratégia de batalha, seu uso deve ser considerado com cuidado e cautela.


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